Você conhece o Cachorro do Mato? Saiba mais sobre a espécie

Oi, eu sou a Caju!

Você conhece o cachorro-do-mato? Talvez já tenha ouvido falar dele, mas não sabia que ele é um dos meus primos selvagens.

Ele vive aqui pertinho, em vários países da América do Sul, incluindo o Brasil. Existem outros nomes pelos quais ele é conhecido, incluindo graxaim-do-mato, lobinho, lobete, lobo e outros mais.

Mas estes são os nomes informais, claro, porque o nome de batismo dele é Cerdocyon thous.

Nos países que falam espanhol, é chamado de zorro perro, zorro perruno e zorro monte.

Embora existam semelhanças entre o cachorro-do-mato e os lobos (os primos mais próximos), eles têm pelagem diferente e também são bem menores.

Vamos conhecer mais um pouquinho sobre eles? Tenho certeza que você vai se apaixonar!

O que é o cachorro-do-mato?

Não é à toa que o cachorro-do-mato parece um primo selvagem.

Ele é um canídeo endêmico da América do Sul mesmo, que costuma habitar regiões costeiras e monstanhosas, podendo, inclusive, viver em área de até 3.000 metros acima do nível do mar.

Ao todo, são seis as subspécies de cachorro-do-mato, mas apenas três delas podem ser encontradas no Brasil.

São elas:

• Cerdocyon thous entrerianus, no sul e sudeste;
• Cerdocyon thous azarae, no sudeste, centro-oeste;
• Cerdocyon thous thous, no nordeste e norte;

As outras subespécies de cachorro-do-mato são: Cerdocyon thous aquilus, Cerdocyon thous germanus e Cerdocyon thous soudanicus.

Como é o cachorro-do-mato?

Caso você não esteja familiarizado com o cachorro-do-mato, aqui vai uma descrição geral de como ele se parece, tudo bem?

• A cor da pelagem – curta e grossa – pode variar bastante, mas costuma ser marrom-acinzentada, com alguns pontos vermelhos nas pernas e rosto, principalmente, e com orelhas e caudas mais escuras – as espécies da Mata Atlântica e do norte do Pantanal geralmente são mais claras. 
• Um cachorro-do-mato adulto pode pesar até 8 quilos e atingir um comprimento de 64 centímetros, com 28,5 centímetros de cauda.
• As patas são mais escuras, no geral, com cauda peluda, orelhas arredondadas e focinho comprido e moderamente estreito.
• Costumam sair para caçar à noite, enquanto durante o dia procuram se abrigar em troncos ocos de árvores e tocas construídas por outros animais. 
• Diferentemente dos lobos, é um animal que tem por hábito caçar e se alimentar sozinho, formando pares monogâmicos durante o período de acasalamento.
• Nas épocas mais secas, quando a comida é escassa, apresenta forte tendência territorial, o que não se reflete nos períodos chuvosos, quando a disponibilidade de alimento é maior. 

Alimentação

O cachorro-do-mato é um animal onívoro, ou seja, a sua dieta compreende alimentos tanto de origem animal quanto vegetal.

Seu hábito de consumir frutas faz dele um dispersor natural de sementes.

Também se alimenta de pequenos artrópodes, ovos, roedores de pequeno porte, crustáceos, anfíbios, répteis e até carcaça de animais mortos.  

Reprodução

Quantas coisas nós já aprendemos sobre o cachorro-do-mato, não é mesmo? Sem dúvida alguma eles são muito interessantes mesmo.

Prosseguindo, vamos agora entender como se dá a reprodução da espécie.

É importante ressaltar que o cachorro-do-mato é um animal monogâmico, ou seja, ele mantém a ligação com apenas um parceiro durante pelo menos uma estação inteira de acasalamento.

A gestação das fêmeas dura entre 52 e 59 dias, quando dão à luz entre 3 e 6 filhotes. Isso pode acontecer até duas vezes por ano, sendo o período de maior reprodução nos meses de novembro e dezembro.

Durante toda a gestação é o macho quem costuma levar os alimentos para a fêmea.

Após o nascimento, os filhotes, que costumam pesar até 160 gramas cada, levam cerca de duas semanas para abrir os olhos, e o período de amamentação é de até três meses. 

Onde encontrar um cachorro-do-mato?

Agora que nós já sabemos como são os cachorros-do-mato, que tal aprender um pouco sobre onde eles vivem?

Como o próprio nome sugere, eles costumam habitar matas e florestas, sendo vistos em cidades apenas em última instância, quando há escassez de alimento ou quando ocorre um incêndio nas matas próximas das cidades, por exemplo.

Infelizmente, com a ação humana e avanço cada vez mais maior das cidades, este cenário tem se repetido com frequência. 

Sua distribuição no continente sulamericano é bastante significativa, habitando países como a Colômbia (norte), Argentina (norte), Venezuela, grande parte do Uruguai, Paraguai, Brasil – com exceção de uma parte da Amazônia -, Bolívia a leste dos Andes (até altitudes de 2.000 metros), Suriname e Guiana. 

É possível domesticar um cachorro-do-mato?

Eu tenho certeza que você achou o cachorro-do-mato muito legal e já está se perguntando se é possível ter um na sua casa, não é mesmo?

Existem, de fato, relatos de domesticação desta espécie, mas isto não é recomendado, absolutamente.

Em primeiro lugar, manter um cachorro-do-mato em cativeiro é considerado cirme ambiental, ou seja, uma infração que poderia gerar multas e até prisão. 

Em casos especiais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pode emitir uma autorização para a criação do cachorro-do-mato em ambiente doméstico.

No entanto, é necessário que exista uma justificativa ambiental para isso, como um ferimento que impeça o retorno do animal para o seu habitat natural, por exemplo.

Além disso, criar um cachorro-do-mato em casa pode trazer sérios riscos à sua saúde e de sua família, já que ele pode facilmente ser um agente transmissor de doenças graves como leptospirose e raiva.

Importância do cachorro-do-mato para o meio ambiente

Como eu já disse anteriormente, o cachorro-do-mato é um dispersor natural de sementes, principalmente na Caatinga.

Mas o que isso significa do ponto de vista de contribuição da espécie para o meio ambiente?

Ao comer os frutos de determinada árvore, o cachorro-do-mato está garantindo a sobrevivência desta espécie, visto que ele auxilia na ampla dispersão das sementes através do seu processo digestivo, aumentando as possibilidades de germinação.

Além da manutenção da flora da região, o cachorro-do-mato também contribui para a recuperação de áreas afetadas. 

O cachorro-do-mato está ameaçado de extinção?

Esta é uma ótima notícia para a família: o cachorro-do-mato não está ameaçado de extinção! Isso não é legal?

Porém, é preciso dizer que nem tudo é bom como parece. A verdade é que eles ainda sofrem muito por conta da ação humana, que nem sempre entende que ele é tão fofo e inofensivo quanto qualquer cachorro doméstico. 

A caça de animais selvagens é proibida por lei, no entanto, fazendeiros e pecuaristas costumam abater cachorros-do-mato (que horror!) sob a alegação de que eles são responsáveis por ataques aos rebanhos, o que não é correto de afirmar, já que não existem evidências significativas que corroborem isso. 

Outro motivo que leva à diminuição na população de cachorros-do-mato são os atropelamentos.

Como eles costumam buscar carcaças de animais mortos nas beiras das estradas, acabam se tornando vítimas de acidentes. Uma triste estatística é que o cachorro-do-mato está entre os mamíferos mais atropelados do Brasil. 

Os falsos cachorros-do-mato

Existe uma confusão muito grande a respeito da denominação cachorro-do-mato.

Como nós aprendemos neste artigo, o verdadeiro cachorro-do-mato é o Cerdocyon thous, no entanto, existem outras espécies que podem ser confundidas com ele (muitas vezes conhecidas pelo menos nome, inclusive), embora não tenham qualquer ligação com a espécie original.

São elas:

• Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus): encontrado em todo o Brasil, exceto na Amazônia. É bem maior que o cachorro-do-mato original, chegando a medir até dois metros de comprimentos. As orelhas são largas, o avermelhado e comprido, com patas longas;
• Raposa-do-campo (Lycalopex vetulus): costuma habitar nos campos e planícies de Minas Gerais, da região centro-oeste e cerrados do estado de São Paulo até o Ceará. Pode medir até 1 metro de comprimento, com pelagem cinza-amarelada e orelhas e patas avermelhadas;
• Graxaim-do-campo (Pseudalopex gymnocercus): é encontrado no sul do país, nos matos baixos e capoeiras da região. As orelhas e a cauda são longas, embora seu porte seja pequeno, podendo atingir um comprimento de até 60 centímetros;
• Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus): mede até 60 centímetros de comprimento, com 30 centímetros e altura até 7 quilos. A pelagem é marrom-avermelhada e a cauda curta, de cor castanha. As orelhas são pequenas, a cabeça quadrada e as patas curtas, para facilitar a natação. São encontrado no Panamá, norte da Argentina, Colômbia, Venezuela, Guianas, boa parte do Brasil, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina;
• Cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis): pesa até 10 quilos, com cabeça alongada e orelhas curtas. No Brasil, é encontrado do Rio Tocantins ao Mato Grosso e ao sul do Amazonas. Ele aparece também na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.

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Pronto, acho que agora você aprendeu tudo o que precisava sobre o cachorro-do-mato, não é?

Tenho certeza que você adorou conhecê-lo, e se já o conhecia, deve ter ficado mais apaixonado ainda pelas peculiaridades e hábitos desta espécie.

Embora não esteja ameaçado de extinção, todo cuidado é pouco para que ele não entre nesta terrível lista. Cabe aos humanos, que eu aprendi tanto a gostar, entenderem que o cachorro-do-mato não é um animal a ser temido, pelo contrário.

Ainda que selvagens e assustados, são essencialmente dóceis e não querem causar problemas para ninguém. Então cuidem deles com o mesmo carinho que vocês cuidam de mim!

Créditos das imagens: Freepik.