Você certamente já ouviu falar que cachorro não pode comer chocolates e doces no geral. Mas, você sabe o porquê dessa proibição? Uma das justificativas é a presença de açúcares entre os ingredientes desses produtos.
Assim como os alimentos adocicados industrialmente podem fazer mal aos seres humanos, eles também podem prejudicar o organismo dos cães. De acordo com o médico veterinário das rações Naturalis, Marcello Machado, o açúcar pode trazer inúmeros problemas de saúde aos nossos amigos de quatro patas.
Obesidade, diabetes e a rejeição futura de alimentos adequados para a saúde do animal são alguns dos problemas que podem surgir após a ingestão desse ingrediente. E isso sem contar no chocolate, que além do açúcar ainda contém uma substância tóxica para os cães.
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Por que cachorro não pode comer doce?
Segundo a veterinária Luana Sartori, o açúcar presente nos doces pode causar o surgimento de cáries nos animais. E para quem não sabe, infecções bucais em cães podem se espalhar pela corrente sanguínea para outros órgãos.
Além disso, algumas balas e gomas de mascar possuem um ingrediente em comum, o xilitol. Essa substância é um tipo de açúcar e é comumente utilizada como adoçante em muitos produtos.
O problema é que os cachorros são sensíveis ao xilitol, e a ingestão de produtos que contenham esse composto pode levar a intoxicação e danos hepáticos.
De acordo com um estudo feito na Universidade Federal do Paraná (UFPR), depressão, vômito, fraqueza e falta de coordenação de movimentos musculares voluntários e de equilíbrio são alguns dos sinais dessa substância no organismo canino. Além da elevação de glicemia (glicose) no sangue, caracterizada como hipoglicemia.
Diante de um quadro clínico como esse, é recomendado que o tutor busque por um atendimento veterinário de urgência. Em alguns casos, a intoxicação pode ser tão grave a ponto de levar o cão à morte.
O que acontece se o cachorro comer chocolate?
“O chocolate é tóxico para cães e gatos. A substância chamada teobromina, presente no cacau, pode causar intoxicações, vômitos e diarreia”, afirma Marcello Machado, das rações Naturalis.
Os sinais clínicos costumam ocorrer dentro de seis a 12 horas após a ingestão do chocolate. Quando a dose é fatal, o animal morre dentro das 24 horas seguidas da ingestão.
Dentre os sintomas iniciais, além dos que já foram descritos pelo médico, estão náuseas, falta de ar, sede excessiva e maior frequência de xixi, urinando poucas quantidades muitas vezes ao dia.
Há ainda outros sinais em quadros mais avançados como desidratação, hiperatividade, arritmia cardíaca, hipertensão arterial, hemorragias internas, tremores e convulsões.
No entanto, a resposta dos animais a essa substância vai depender do porte do cão, da dosagem ingerida e do tipo de chocolate consumido. De uma maneira geral, as doses tóxicas de teobromina estão próximas a 100 mg/kg, apesar de existirem relatos de intoxicação com a ingestão de apenas 20 mg/kg.
Também é importante lembrar que quanto mais escuro for o chocolate, mais teobromina ele terá. Sendo assim, as versões amargas e meio-amargas são ainda mais perigosas aos animais.
Por exemplo, o cacau em pó possui 25,997 mg dessa substância tóxica para os cães. Os tipos já citados anteriormente têm 13,863 mg e 4,586 mg, respectivamente.
Mas não se engane, mesmo que as versões ao leite e o chocolate branco tenham baixas concentrações de teobromina, elas também não são saudáveis para os animais.
Além da composição rica em leite, o que por si só já pode causar diarreias no pet, há também muito açúcar nesses produtos, fazendo com que eles sejam péssimas opções para o seu cão.
O que fazer se o cão comeu chocolate?
Se você viu ou suspeita que seu cão comeu algum tipo de chocolate, leve-o ao veterinário imediatamente. O tratamento da intoxicação por esse alimento é de suporte.
Em outras palavras, o veterinário irá induzir o vômito ou a lavagem gástrica usando algum produto específico, como o carvão ativado. Em casos mais graves, é comum o uso de remédios que controlem convulsões.
Mas, o mais importante de tudo é não tentar cuidar do cão em casa. Não existe remédio caseiro para cachorro que comeu chocolate, sendo ideal usar os medicamentos prescritos e administrados por um veterinário.
Que tipo de petisco devo dar ao cachorro?
Depois de tudo isso você deve estar pensando que nunca mais vai dar doce ao seu cão, correto? Mas calma, segundo o veterinário Machado, os animais podem consumir doces, desde que eles sejam de uma fonte natural.
Nesse caso, o médico recomenda dar frutas como mamão e maçã. Além dos vegetais, a exemplo da cenoura e batata-doce. Todos esses alimentos possuem sabores adocicados.
Já o chocolate… esse não deve entrar na lista de petiscos para o cão. Mas há produtos comercializados especialmente para os cachorros semelhantes no sabor.
Além disso, você mesmo pode fazer um chocolate para o seu cãozinho. Para isso, vamos precisar substituir o cacau pela alfarroba. Confira como preparar!
Ingredientes:
- ½ xícara de alfarroba em pó
- ½ xícara de farinha de aveia (não pode ser em flocos)
- ½ xícara de água
- 2 envelopes de gelatina em pó sem sabor.
Modo de preparo:
Misture a alfarroba com a farinha de aveia. Em seguida, adicione a água e mexa tudo até ficar uma massa homogênea. Reserve esse conteúdo e passe para a hidratação da gelatina, que deve ser misturada à 10 colheres de água mineral.
Junte a gelatina hidratada com a massa preparada inicialmente. Assim que estiver pronto, despeje o conteúdo em forminhas de sua preferência. Leve ao congelador e aguarde o chocolate endurecer. Depois é só desinformar e servir ao seu pet.
Mas atenção, mesmo não sendo um chocolate ou doce, esse petisco não deve ser dado ao cachorro de forma descontrolada. Use o bom senso para oferecer ao animal quantidades razoáveis para o porte dele.
Outra dica importante é não oferecer antes das refeições do cachorro, para que ele não perca a fome e não tenha sua nutrição comprometida. Com tudo isso em mente, você cuida da saúde do seu amiguinho e ainda torna o dia dele mais divertido.
*Fonte consultada: GIANNICO, Amália Turner; et al. “Alimentos tóxicos para cães e gatos”. Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2014. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/284456855_ALIMENTOS_TOXICOS_PARA_CAES_E_GATOS. Acesso em 24 de outubro de 2019.
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