Infelizmente, a obesidade já virou uma realidade para muitos cães. Por exemplo, em 2014, de 25% a 40% dos cachorros estavam com sobrepeso, mas agora essa estimativa beira os 60%.
Um petisco aqui, um salgadinho acolá e pronto, o cachorro acaba ficando gordo sem nem que os donos percebam esse ganho de peso. Somado a isso, ainda há a questão do sedentarismo entre os tutores, que acaba refletindo na baixa qualidade de vida do animalzinho.
Esses e outros fatores podem contribuir com o surgimento da obesidade em cães e segundo o veterinário da Nutrire, Thiago Marçal, cachorros obesos tendem a viver menos.
A baixa expectativa de vida se dá pelas consequências dessa condição para a saúde do pet. Ainda segundo o especialista, doenças articulares, diabetes e disfunções cardíacas são alguns dos problemas de saúde mais comuns em cães que engordam.
Índice
Causas da obesidade em cães
“Cães considerados gordos, geralmente, não comem apenas ração. Além disso, são bichinhos que não fazem exercício físico. Esses dois fatores por si só já causam problemas à saúde canina, juntos prejudicam ainda mais os animais”, revela o veterinário Thiago Marçal.
Alimentação desbalanceada
Animais domésticos podem comer uma ração de qualidade balanceada ou uma alimentação natural prescrita especialmente para eles. No entanto, a falta de informação leva os tutores a cometerem deslizes que podem prejudicar a vida do pet.
Um exemplo disso é misturar a ração com a comida caseira, desequilibrando os nutrientes e as calorias da refeição. Além disso, alguns acabam oferecendo restos de comida humana, expondo o organismo canino a ingredientes que não são saudáveis.
Isso tudo sem contar na grande oferta de petiscos, sejam daqueles próprios para os cães ou de alimentos consumidos pelos tutores, que eventualmente não resistem as carinhas de pidões dos cachorros.
Falta de exercícios
De acordo com um trabalho feito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), não se pode negar a correlação entre o crescimento das taxas de obesidade na população humana e na população canina.
Isso porque, o estilo de vida acelerado dos donos está associado ao sedentarismo. Então, se eles não possuem tempo para se exercitarem, também não dispõem de tempo para praticar atividades físicas com seus cães.
Doenças e medicações
O veterinário da Nutrire alerta também para os distúrbios hormonais, como o hipotireoidismo e o hiperadrenocorticismo. Nesses casos, a obesidade entra como secundária, um fator consequente dessas condições.
Mas há ainda a interferência de medicamentos utilizados para determinadas doenças, a exemplo dos glicocorticoides (para inflamações) ou fenobarbital (no controle de epilepsia).
Raças mais propensas
Alguns cães têm predisposição genética a obesidade, como é o caso do beagle e dos retriever, especialmente o labrador e o golden.
Castração sem cuidados
Ao contrário do que muitos possam pensar, a castração em si não provoca o aumento de peso nos animais. Mas ela, somada à falta de cuidados que essa condição necessita, pode sim provocar a obesidade em cães. Por isso, existe a importância de adaptar a alimentação dos pets após o procedimento cirúrgico.
Quais as consequências dessa condição?
Cães obesos estão mais predispostos a sofrerem de lesões na coluna e rompimentos nos ligamentos dos joelhos. Também exigem mais de certos órgãos como coração, pulmões, fígado e rins.
“A artrite é uma doença causada geralmente pelo excesso de peso, muito embora algumas raças tenham predisposição para isso. Porém, animais gordos forçam suas articulações além do recomendável”, alerta o Thiago Marçal.
Isso tudo sem contar nos problemas cardiovasculares, diabetes e a pressão sanguínea alta.
Mas, além das problemáticas com relação à saúde física, o veterinário lembra que o sedentarismo nos cães pode deixá-los deprimidos. A longo prazo, a tristeza pode se transformar em depressão.
Como tratar obesidade canina?
Diante de tantos problemas ocasionados pelo ganho de peso, é preciso que o tutor busque ajuda veterinária o quanto antes. O primeiro passo no tratamento é a mudança no estilo de vida do animal, principalmente com relação à alimentação.
“Preparar comida caseira para o pet não é proibido, mas deve haver um acompanhamento por um veterinário especialista em nutrição, para que a dieta seja balanceada e atenda todas as necessidades do cão”, acrescenta Marçal.
Praticar exercícios também deve virar rotina na vida do cachorro e do tutor. Mas claro, sempre seguindo as orientações médicas a respeito de horários e duração das atividades. Assim, o animal não sofre com nenhum problema cardíaco, articular ou respiratório adjunto de um esforço físico.
Formas de prevenção
- As refeições do cachorro devem ser sempre motivos de preocupação para o tutor, pois a medida em que o animal cresce as suas necessidades nutricionais mudam. Sendo assim, é aconselhável pedir acompanhamento veterinário, pois o profissional vai saber indicar o melhor alimento levando em consideração idade, tipo físico, problemas de saúde e outras condições do pet
- “A alimentação deve ser como a de uma criança pequena, com horários certos e porções definidas – essa medida em específico deve ser de acordo com o peso do cão e precisa constar nas embalagens das rações secas”, explica o veterinário
- Os petiscos não estão proibidos, mas precisam ser ofertados com inteligência por parte do tutor. Nada de dar muitos por dia e nem oferecer em horários próximos das refeições para não tirar a fome do cãozinho e desequilibrar os nutrientes consumidos diariamente
- “O ideal é que o cãozinho pratique caminhadas ao menos duas vezes ao dia. Isso, claro, de acordo com seu estado de saúde, raça e outras peculiaridades definidas pelo médico veterinário”, conta Marçal.
- Caso o tutor não disponibilize de tempo para passear com o pet, então é recomendado investir uma graninha a mais e contratar um dog walker, profissional que passeia com cachorros
- Outra forma de prevenir a obesidade em cães é fazendo exames rotineiros. Dessa maneira, se surgir algum problema de saúde, ele logo será tratado sem colocar a vida do pet em risco.
Médico veterinário e responsável técnico na Nutrire, Thiago Marçal. (CRMV/RS 9848).
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