Em média, sim, cães que vivem nas ruas são mais resistentes. Isso não é uma regra e depende de vários fatores, claro.
Também não significa que, por padrão, um cão de raça irá viver menos ou ter menos doenças que um vira-lata. Tudo depende dos cuidados, alimentação, ambiente… e, é claro, genética.
Não tem segredo: Sem a interferência dos humanos, é a natureza que faz o trabalho.
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Seleção natural fazendo seu papel
Uma explicação básica para a resistência superior de cachorros de rua em comparação aos que são fabricados em canis é a seleção natural. A Lei do Mais Forte, sabe?!
Cães de rua têm que lutar pela própria sobrevivência desde cedo. Enquanto um canil/cativeiro oferece (em tese) ambiente controlado, livre de exposição a doenças e comida sempre à mesa, na rua os cachorros têm todos os tipos de desafios possíveis.
Em resumo: se o vira-latas nasce com alguma fragilidade, ele não vai durar muito tempo e não irá se reproduzir. Os que sobrevivem são os mais fortes, e estes vão passando seus genes pra frente.
Ter raça pura não melhora em nada a inteligência do animal e o risco de problemas de saúde entre os mestiços também é significativamente menor.
Dr. David Smith, em pesquisa
Por consequência, isso contribui para diversos tipos de evolução. O olfato de um vira-latas passa a ser mais aguçado, já que ele precisa identificar onde há comida. Sua resistência para dias quentes, frios ou chuvosos aumenta também – sem contar a resistência superior a doenças em geral.
Em um canil, se os cães escravizados para reproduzirem têm algum problema de genética, todos os filhotes (ou pelo menos a maioria deles) nascerão com os problemas e certamente os passarão para frente. Eles continuarão sobrevivendo por conta dos cuidados que receberão durante a vida. Se ele for abandonado, sua linhagem não irá muito pra frente.
Se você parar pra pensar, é praticamente uma engenharia reversa: a cada geração, cães de rua se aproximam cada vez mais dos lobos.
Vira-lata não fica doente?
Claro que sim! Resistência superior não significa imunidade a tudo, invencibilidade.
A Caju, por exemplo, foi resgatada com problemas de pele, tumores e machucados.
O principal ponto aqui é a genética. Os portadores de genes mais fortes sobrevivem e reproduzem, e com isso cada geração nasce com alguma vantagem.
A luta pela sobrevivência começa nos primeiros dias de vida!
Já os cães abusados em canis para reprodução contínua sempre passarão os mesmos genes, os mesmos problemas. Por isso cães de raça normalmente têm problemas específicos de cada raça.
Se você pensa que adotando um vira lata ele nunca terá uma gripe ou um problema do coração, por exemplo, esqueça! Ele irá precisar de cuidados e de um veterinário como todos os outros.
Vira-latas também têm raça!
O conceito de vira lata não serve apenas para cães sem raça definida (SDR): mas sim para cães abandonados, que vivem na rua. Ou seja, que viram-latas para encontrar comida.
Cães de raça também são abandonados. É raro que durem muito tempo na rua, por dois motivos:
- Não sabem se virar sozinhos, já que sempre receberam cuidados especiais;
- Logo são resgatados, já que cães de raça são mais visados.
Se sobrevivem tempo o bastante para procriar, geram novos mestiços e aí a história é reescrita.
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